Em uma sociedade com tantas cobranças, cada vez mais é comum que ocorram problemas relacionados a ansiedade, sintomas de doenças e transtornos mentais que influenciam diretamente na qualidade de vida de cada um. De acordo com diversas pesquisas em saúde, os transtornos ansiosos atingem grande parte da população, sendo comum o risco de idealização suicida.
A ansiedade é um estado de emoção normal experimentado por todas as pessoas, costuma surgir em momentos ou situações de perigo e fatos negativos da vida (falecimento de parentes, rejeições, situação de abandono, perdas, etc), essas emoções funcionam como um alerta para que sejam tomadas algumas atitudes. A ansiedade se torna patológica quando ocorre mesmo na ausência de estímulos externos, possuindo uma intensidade, duração e freqüência aumentada, causando sofrimento e prejuízo emocional, podendo manifestar sintomas físicos como os que ocorrem em ataques de pânico.
Juntamente com os ataques de pânico, algumas pessoas experimentam o surgimento de pensamentos suicidas. Conversamos com o médico psiquiatra, Dr Rafael Gomes. Esclarecemos sobre como os transtornos de ansiedade podem influenciar no surgimento da idealização suicida.
Quadros de ansiedade com pânico podem provocar ideação suicida e ideias de morte?
Na verdade isso não acontece de forma direta. Quem tem pânico não vai ter ideia de tirar a própria vida, mas o que acontece com freqüência é que o paciente com pânico acaba tendo um risco maior de ter um transtorno depressivo, que é uma outra doença. É diferente de tristeza, é uma doença, um distúrbio psiquiátrico. Uma vez que a pessoa com pânico desenvolva um transtorno depressivo, metade das pessoas com transtorno do pânico irão ter ou já tiveram transtorno depressivo. Essas pessoas com quadro depressivo tem chance maior de ter pensamentos suicidas. Então, o pânico não vai causar pensamento suicidas, mas existe uma chance maior de pessoas com pânico ficarem deprimidas, podendo vir a ter pensamentos suicidas. Se você tem transtorno do pânico e está convivendo com pensamentos suicidas, com ideias de morte, de menos valia, é muito importante que você avise o seu médico psiquiatra, avise o seu psicoterapeuta, procure ajuda.
Medicamentos antidepressivos facilitam os pensamentos de morte?
O que acontece é que quem está com quadro depressivo, tem tanto uma alteração de humor, de ficar mais entristecido ou as vezes indiferente, com um sentimento de ter falta de sentimento. A pessoa não sente nem tristeza, ela fica anestesiada e tem também uma alteração na psicomotricidade, ficando mais lenta, sem energia, sem disposição para fazer as coisas, inclusive para tirar a própria vida, se estiver com algum pensamento de morte. Dessa maneira, quando ela toma o antidepressivo, esse medicamento demora um tempo para fazer o efeito. Primeiro costuma vir uma melhora na psicomotricidade, ou seja, a pessoa começa a ter mais energia, mais disposição para fazer as coisas, mas o humor demora mais para melhorar. Se antes a pessoa não pensava em “se matar” porque ela estava tão ruim que não tinha nem energia para fazer isso. Com o uso da medicação, existe uma melhora primeiro na energia e disposição para fazer as coisas, porém o humor ainda permanece deprimido e demoram um pouco mais para melhorar, então a pessoa começa a ter pensamentos para executar algumas ações que antes ela não conseguia porque não tinha nenhuma energia, por isso é muito importante quando alguém vai começar a tomar um antidepressivo, deve ficar muito atento, principalmente durante o primeiro mês de uso, pois existe um risco aumentado, não devido ao medicamento, mas pela melhora da energia e disposição. Só depois ela melhora do humor e das ideias de morte.
Dr Rafael Gomes, médico psiquiatra. Instagram: @dr.rafael.gomes.psiquiatra